segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Cidadania da Mulher

“A Cidadania da Mulher. Algumas Pontuações” de Maria da Graça Belov da Costa Diniz.
Noly Oliveira

       A observação de Maria da Graça de Diniz da Costa Belov, em “A Cidadania da Mulher. Algumas Pontuações” aborda a mulher que continua lutando pela conquista do seu espaço na tentativa de se comparar ao homem em direitos e obrigações, saindo da condição da subordinação ou dependência, colocando-se como capaz do seu próprio destino.
       Segundo esta, a pretensão de estudar o estabelecimento das relações de gênero no âmbito da cidade durante o século XX no Brasil, com recortes da constituição de 1988, mostra, obrigatoriamente, que o espaço, público tomado historicamente e formalmente pelo homem a partir da Revolução Francesa, colocou a mulher no espaço eminentemente privado, como única possibilidade de exercício da sua cidadania.
       A autora faz um comentário em especial sobre o artigo 226, este que por sua vez admite tratar a família como base e admite como entidade familiar, ela, portanto, demonstra a mudança na estrutura que anteriormente era triangular, ou seja, pai, mãe, filho reconhecidos como família, o que indica uma nova mentalidade  e a tentativa do legislador em dar abrigo à uma condição social já implantada e funcionando com regras próprias. Muito embora, o Estado mantenha viva a possibilidade de converter em casamento a união estável entre homem e mulher e conseqüentemente um novo discurso quanto ao verdadeiro papel que a mulher.
       Perfaz uma apresentação a Revolução Francesa que na história encerrou com o sistema feudal e com o poder político diluído pelos feudos, possibilitando que o homem e a mulher lutassem juntos a fim de derrubar a aristocracia, gerando a ilusão de que o espaço público conquistado seria dividido, solidariamente entre eles. Na ação revolucionária, a implantação do Estado Liberal dividiu em dois, ou seja, dicotomizou, para homens e para mulheres, o espaço político e privado, ficando este para as últimas como a única alternativa da prática cidadã constatando dialeticamente, a retomada do modelo patriarcal, numa contradição frontal com a conquista dos direitos civis e políticos, enfim com a garantia das liberdades individuais. Femininas e com a sobrevivência do feminino, mesmo na contramão do trilho histórico e jurídico (que sistematicamente, reproduz o religioso).
       Esta dicotomia público / privado tem a mulher como “relativamente incapaz para os atos da vida civil”, o qual só foi resgatada pela Constituição Brasileira em 1988, a qual, esta equiparava homem e mulher em direitos e deveres e obrigações quebrando com a figura do cabeça casal.
       No Brasil, destaca a implantação das primeiras escolas para mulheres no primeiro quartel do século XIX, cujo currículo era organizada de modo diferenciado dos meninos. O que objetivamente demonstra, é que existe uma lei que iguala (ou tente igualar), porém, a prática e as relações que se constroem em torno dele são diferenciados, conforme foram iniciando as leis opressivas que os homens fizeram contra elas e militando pelos seus direitos de cidadãs.
       A implantação do Estado Liberal, com fundamentos com do contato social rousseauniano, marcam a posição da mulher de forma indestrutível, tendo o homem permanecido com o suporte econômico e jurídico nas esferas decisórias e a mulher, com tão pequeno espaço, com casa e família, só pôde abrigar o mais humildes dos hóspedes que foi a obediência, enquanto a liberdade o dinheiro a sexualidade entre outros convidados importantes cavalgavam ao lado do homem montados na cidadania.
       A condução da mulher passa para a carreira femininas, tudo isso encoberto pelo manto da subordinação, pois até o meados do século que se finda  a mulher estava na condição capaz para os atos da vida civil.
       A possibilidade de mudança radical de um discurso que foi estruturado, através da história, para manter a hegemonia masculina, impõem toda sorte de alterações na linguagem comum do cotidiano, na própria literatura, poesia e, sobretudo, no campo jurídico, quando se exporia a necessidade de redefinição exata de termos como Homem e Mulher e a recusa em se aceitar o vocábulo Homem como abrangentes com o ser humano e pessoa humana que por sua vez, terão que ser introduzidas, no discurso pedagógico como via de reeducação.
       Os elementos propostos acima consta-se importante por mostrar mais do que um tema que trate da representação  social do papel da mulher.  Na voz de Maria da Graça Diniz da Costa Belov, estes princípios se revelam na tentativa histórica de nivelar mulheres e homens pelos seus direitos. Com esta análise da estudiosa usando a sua ideologia utópica, sendo o único companheiro verdadeiramente fiel da mulher através da história e do direito e citando Condorcert ela termina dizendo que “a mulher é um acesso a todas posições, pois só a injustiça e não a natureza lhe proíbe o saber e o poder”.


REFERÊNCIA

Belov da Costa Diniz, Maria da Graça. A Cidadania da Mulher. Algumas Pontuações. Revista Tema Livre, Março de 2000, Ano IV, Nº 35, página 8.

A Carta pras Icamiabas, de Maria Augusta Fonseca


A Carta pras Icamiabas, de Maria Augusta Fonseca
Noly Oliveira

       A autora Maria Augusta Fonseca trata no tópico Cantos e Encantos da Língua, presente no ensaio A Carta pras Icamiabas, pautado no capìtulo IX do livro Macunaíma: o herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade, faz uma analisa onde recorre a outras obras do próprio Mário de Andrade, a Carta de Pero Vaz Caminha, a Manoel Bandeira, Pedro de Magalhães Gândavo, Manoel Botelho, Camões, padre Anchieta, Guilda Melo de Souza dentre outros para explicitar o porquê da importância da linguagem como elemento construtor e de resignificação de identidade.
       Expõe uma série de hipóteses interpretativas sobre tal fato, a começar pelo conhecimento superficial desta nova língua (europeizada), utilizada como elemento de discussão do processo de aculturação, notada no perfil sério-cômico contido na carta limitado espaço-temporalmente tal como a Carta de Caminha – a carta foi escrita no dia 30 de maio de 1926, num dia de domingo-, na esteriotipização da indolência do índio e do negro, as múltiplas intenções que possui visto que a mesma é uma verdadeira gênese do fazer artístico Mário de Andrade, pois transcende as questões mais evidentes a exemplo de construir, pura e simplesmente, uma rapsódia e uma sátira.
       Relata que o autor Mário de Andrade assinala para o caráter encantador das palavras daí buscar ecos nos relatos dos cronistas para afirmar que o povo inculto a domina muito limitadamente via monotonia sonora, elemento que aglutina som a palavra. A autora observa que Mário de Andrade descreve este capítulo como “intermezzo” do livro, notável por haver milhares de intenções e interpretações. Por esse motivo, Fonseca resolveu explorá-lo um pouco mais, objetivando retirar o máximo de informações confrontando com diversas outras obras, que possibilite melhor entendimento da carta, alvo de crìticas e elogios desde 1927.
                   Macunaíma percebe que um dos elementos para alcançar o poder é o domínio da língua culta e resolve empenhar-se para consegui-la. A carta escrita para as icamiabas, possui um código lingüístico que elas desconhecem e não dominam, serve como fonte para que imponha respeito e poder sobre as mesmas. Neste aspecto revela também a carta que o processo de assimilação da cultura européia não foi suficiente para que desprovesse de todo o seu arcabouço cultural, transparecendo uma hibridação de culturas dada a miscigenação etnolingüística. Outro recurso utilizado muito sabiamente por Mário de Andrade é o jogo com os sons, evidenciados pelas conjecturas do uso das três vogais em grupo AAA ao descrever a cidade de São Paulo além de multiplicação sugestiva de determinadas palavras (a exemplo de muiraquitã e icamiabas) trazendo para analise intertextual autores como os citados no inicio desta resenha.
       Por fim evidencia–se que a autora faz uma espécie de defesa de Mário de Andrade, e através da exploração de trechos da carta, assim como ao construir diálogos com outras obras do dito autor e autores outros, deixa transparecer a riqueza de recursos e a intencionalidade nacionalista ao priorizar o recurso lingüístico como elemento dinâmico e constituidor de identidade cultural.

Apanhado geral por tópicos

  1. O entendimento da A Carta pras Icamiabas só pode ser compreendida se não desvincula do corpo da obra Macunaíma: o herói sem nenhum caráter;
  2. Exposição do olhar de outros autores sobre o autor Mário de Andrade e seu personagem Macunaíma;
  3. As obras a que recorre ao construir o capítulo, bem como o livro Macunaíma: o herói sem nenhum caráter;
  4. As múltiplas possibilidades de leitura interpretativas construídas a partir de A carta pras Icamiabas;
  5. A diversidade de recursos utilizados pelo autor retratado de modo claro e citando nos trechos da referida obra;
  6. O uso da Carta de Pero Vaz de Caminha como elemento norteador de uma leitura a contrapelo constituída a partir de elementos inexistente na sociedade indígena (cultura européia – língua e dinheiro) a qual pertence o herói Macunaíma e utilizados para transmitir a rapsódia e a sátira que deseja expor o autor.

A variação linguística


A variação linguística
Noly Oliveira[1]

                   Analisar cientificamente  uma língua não é nada fácil. Os linguistas, sabem disso muito bem, porque se deparam o tempo todo com as inesgotáveis complexidades estruturais  e funcionais da língua. Basta lembrar que qualquer língua é uma realidade estrutural infinita, que o número de sons da fala de que se serve a mesma é finita bem como o número de suas palavras, ainda que imenso é finito, embora não tenhamos ainda idéia clara de sua quantidade. Apesar de tudo até aqui exposto, o número de enunciados possíveis numa língua qualquer é infinito.
                   Ressalta que, sendo finitos os meios estruturais, bastaria que eles fossem descritos para alcançarmos uma apresentação cientifica completa de uma língua. No entanto, as coisas não são tão simples assim, em função de determinadas razões. Dentre estas podemos destacar que a língua não se esgota em sua estrutura uma vez que é dinamica, plástica, aberta. Para analisá-la adequadamente devemos considerar seu funcionamento social, nenhuma língua é uma estrutura homogênea e uniforme, em verdade qualquer se multiplica em inúmeras variedades a tal ponto que muitos chegam a dizer que atrás de um nome, por exemplo, se esconde, de fato muitas línguas. Trata-se, de referenciarmos a variedade geográfica, sociais e estilísticas.
                   Acrescentamos a toda essa gama de diversidade as peculiaridades de fala e escrita de cada falante, afinal, não há duas pessoas que falem ou escrevam exatamente do mesmo modo e começaremos a ter uma idéia da imensidão da língua. Lembremos que, em situação de uso, um enunciado pode sempre significar seu contrário. Assim, digo: João é muito honesto, mas pelo mecanismo da ironia, faço esse enunciado significar exatamente seu oposto, ou seja, que João é desonesto.
                   Diante do exposto, afirma-se que uma língua é um universo infinito, em contínuo movimento e plástica. Mesmo que conseguíssemos juntar num megadicionário todos os princípios que regem a construção dos enunciados estruturalmente possíveis na língua, cobrindo toda a gama de suas variedades, ainda assim a língua como tal nos escaparia porque não poderíamos engessá-la num dicionário ou gramática.
                   As diferentes maneiras de pronunciar ou de estruturar os enunciados criam um caldo proprício à mudança. Os linguistas costumam dizer que a mudança emerge da heterogeneidade, isto é, fenômenos típicos de algumas variedades acabam por ser adotadas progressivamente por falantes de outras variedades, resultando em alterações nas pronúncias ou na estrutura dos enunciados destas últimas. E esse é um processo contínuo, impossível de ser estancado.
                   Por outro lado, embora a chamada língua-padrão seja também um peixe ensaboado, não significa que não devemos nos ocupar dela ou desmerecer sua importância sócio-cultural como uma tentativa de ser, construir um espaço de  relativa unidade por sobre a imensa variedade da língua em especial para eventos de escrita e para os meios de comunicação de massa.  Para que a língua-padrão possa sumprir sua função é necessário transpor a cultura do erro, tradicionalmente associado quando da substituição de atitudes negativas por outras mais condizentes com o contexto sócio-cultural e dinâmico. Existe uma gama muito grande de fator produtor de diferença, dentre os quais estão: fators geográficos, classe, idade, gênero, etnia, profissao, etc, que estão relacionadas a lugares diferentes acabam or caracterizando-se por deter falar de modo diferente em relação a outro grupo.
                   Na diversidade fontes de recursos alternativas quanto mais numerosos forem mais expressiva pode ser a linguagem humana. Assim, pesquisa em diferentes países evidenciam diferenças na fala quanto ao gênero – a fala da mulher assemelhasse a norma culta masculina, daí o combate ao machistas e terminam por propriciar discussôes sobre valores sociais cuja resultante será aulas mais valiosa e frutífera.
                   Assim, a variação linguística que se apresenta diante do social concebe que determinadas diferenças de status ou papéis entre individuos ou grupos se refletem na língua, esta é a primeira verdade que devemos encarar de frente. É é importante sublinhar que em países ou em comunidades de falantes existem variedades de língua e não apenas no Brasil e que as diferencas que existem numa língua não são causais visto que os fatores que permitem ou influenciam na variação podem ser delectados através de uma análise mais cuidadosa e menos anedótica.


REFERÊNCIA

APOSTILA DA ATIVIDADE TRABALHO DE AVALIAÇÃO 02. TEMA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA.



[1] Educadora Social, Historiadora, Especialista em História e Cultura Afro-brasileira, Consultora em Metodologia Cientifica e Coord. de Turma PSCL. E-mail: noly.oliveira@gmail.com

Quando


Quando
 (Noly Oliveira)

Quem é enfim você que crê ter saber, sabor, amor?
É um nada, sortudo, macho ou femêa, desnudo
A alma canta... e grita... e geme... e implora...
Alivio... Auxílio... Agora...
Sem pressa expia a mágoa
Que ressoa, ao vento balança
Se lança e rompe o silêncio... e parte
Não és tu, explode o Eu
Somente eu, eu, eu, eu e eu...
Enxergo e não nego o breu
Todos são, todos vêem o que querem
Ferem, e ferem, te ferem ... se ferem
Masoquistas, espiritualistas, insanos
Se guardam e guardam profanos
Saberes, dizeres, falamos
É hoje, agora, vamos!

Resumo: Currículo e pratica docente Assistentes Sociais no exercício da docência: aprendizagem do saber ensinar,

Resumo: Currículo e pratica docente Assistentes Sociais no exercício da docência: aprendizagem do saber ensinar, de Yara Pires Gonçalves.
Noly Oliveira [1]

Da compreensão de uma epistemologia da prática em construção capítulo três da tese Currículo e pratica docente Assistentes Sociais no exercício da docência: aprendizagem do saber ensinar da autora Yara Pires Gonçalves discute o saber social, o saber docente em sua multidimensionalidade, as dimensões contextual, humano, lógica, técnica, interativa, reflexiva, ideológica, ética, pedagógica – subdividido entre o saber curricular, o saber de experiência e o saber docente.
O saber social é notado como aquele que esta impregnado na sociedade (nos sujeitos sociais) expresso no currículo e transmitido pelo educador, pois este pertence a sociedade, vive a realidade imediata, logo, é um ator social, e enfatiza a importância de atentar para a formação do educador e fazer profissional.
A relação saber docente e saber social ocorre de forma direta e possui via de “mão-dupla”, gestadora e formadora de um saber fundamental e social dentro da sociedade, com interfase nos movimentos dialéticos resultantes deste processo.
Retrata que a multidimensionalidade por ela construída se dá como produto dos diversos olhares de diferentes autores impregnados de concepções e idéias, tendo por eixo comum à dimensão humana, lógica, ética ideológica do saber ensinar sem, entretanto perder a noção de conectividade.
Aborda que a indissociabilidade dos saberes científicos, culturais e sociais mantém relações universais, parciais e singulares que são refletidas na ação docente construída em relações concretas, conflituosas e dialéticas. Comenta também sobre os objetos-condições que ergue muro entre o saber acadêmico e o saber prático.
Valoriza o homem como sujeito epistêmico, detentor de valores humanos, éticos, culturais, conhecimento factual, racionalizado, que interage dialogicamente, e horizontalmente, para reforçar a dimensão democrática, critica e organizacional dos sujeitos. Lembra que embora o educador seja o instrumento da aprendizagem do aluno e ser regente desta relação à mesma não ocorre de modo vertical, abri assim espaço a alteridade.
Os saberes presentes na ação educativa esta permeado do saber gerenciar os conhecimentos adquiridos no processo de formação e efetivação de sua prática docente, pondo em questionamento as racionalidades técnicas, relativas e reflexivas, numa racionalidade interativa conforme retrata em diálogo com diversos autores, dentre os quais: Giroux e Dewey. Prioriza a necessidade da formação docente deve perpassar aos ensinamentos científicos e trocar experiências e pensar com o coletivo, possibilitando a participação do todo.
A luz da questão da representação social discute os conceitos de sociologia e psicologia social, importante para abordar a presença da mesma no currículo. A ética e seus princípios são inseparáveis da pratica e do currículo educativo, ou seja, do projeto coletivamente traçado e elaborado para a escola como espaço de construção e reconstrução de valores múltiplos.
Infere que ação pedagógica ocorre nas dimensões do saber ensinado (das disciplinas, curricular), o saber de experiência (trazido pelo próprio educando) e o saber docente (direcionado para a pratica docente) apropriados, reproduzidos e resignificados pelos discentes e docentes com foco multidimensional que qualifica e amplia o seu raio de ação e conhecimento-base promovendo a compreensão do ensino-aprendizagem (são eles: conteúdo do conhecimento; conhecimento pedagógico geral; conhecimento de currículo; conteúdo de conhecimento pedagógico; conhecimento de aprendizes e suas categorias; conhecimento de contextos educacionais; conhecimento de contextos educacionais; conhecimento para fins educacionais, propósitos e valores e suas fundamentações filosóficas e históricas) e cita algumas de suas maiores fontes do conhecimento-base.
Por fim, afirma que o saber ensinar ocorre de fato na ação prática individual e coletiva, sendo transitória por percorrer o caminho aluno para o futuro profissional de assistente social, re-elaborando, re-significando e apreendendo via reflexões críticas visíveis em seu contexto social, político, cultural e educacional.

Resumo: Currículo e Formação Continuada de Professores, de Sérgio Donizeti Mariotini

RESUMO
Noly Oliveira[1]

O artigo Currículo e Formação Continuada de Professores, de Sérgio Donizeti Mariotini, apresenta analises quanto a formação do currículo no Brasil pautado na influência da Nova Sociologia da Educação de Michael Apple e Henry Giroux, na perspectiva multiculturalista e na formação de professores como fator preponderante da produção do conhecimento escolar.
A partir do panorama histórico dos anos 1980, traça um quadro das discussões educacionais, sob referenciais distintos (a exemplo de Alice Casimiro Lopes, Elizabeth Macedo, Tomaz Tadeu da Silva, Nilda Alves e Moreira) instiga reflexões quanto aos eixos curriculares, a formação dos educadores, influência estrangeira nas teorias e práticas do currículo, discurso pós-moderno e o foco político na teorização crítica.
Esboça que a concepção de Currículo passa pela construção social do conhecimento, observando enfoques sociológicos e seu campo de atuação pela questão política, pois os detentores de determinados capital social e cultural na área, legitimam concepções sobre a teoria do Currículo. Analisa a consolidação (cuja marca é a mescla entre o discurso pós-moderno e o foco político na teorização critica), os papéis e a relação existente entre as Escolas Democráticas e o Currículo Democrático, a relação diferença/diálogo entre o multiculturalismo e o Currículo.
Por fim, defende as contribuições de Apple e Giroux fazem melhor compreendermos o mundo social e a necessidade de profissionais do ensino como intelectuais transformadores.



[1] Educadora Social, Historiadora, Especialista em História e Cultura Afro-brasileira, Consultora em Metodologia Cientifica e Coord. de Turma PSCL. E-mail: noly.oliveira@gmail.com

O Romance Social: Lima Barreto - de Alfredo Bosi

O Romance Social: Lima Barreto
Noly Oliveira[1]

            As reflexões de Alfredo Bosi, em O Romance Social: Lima Barreto afirma que a biografia de Lima Barreto basta para explicar o contexto ideológico contido em sua obra cuja característica é sua contradição explicada por ser suburbano classe média (existindo um conservadorismo sentimental) e mulato enfermo (discrimação e preconceito).
            Segundo o autor, existe uma duplicidade de planos (narrativo e crítico) tanto no âmbito ideológico quanto estilístico de modo consciente e polêmico. Contrapondo seu estilo de escrever e pensar com o de Coelho Neto e de Rui Barbosa e aproximando-o de Marques Rabelo e Èrico Veríssimo para fazer valer reconhecer a sua modernidade estilística. Embora escolhesse e elaborasse realidades sócias o produto, na obra, era realista e intencional pautando-se na crônica.
            Para desnudar tal fato, o autor aqui faz uma pequena abordagem das obras limabarretianas.
            Em Recordações do Escrivão Isaías Caminha, Barreto encarnado em Isaías, oscila, de modo constante, seus sentimentos sempre de modo bipolar (ora rebelde, ora vencido), revelando a frustração do autor e a relação objeto / sujeito, observação social / ressonância afetiva, o que define para Bosi o estudo realista-memorialista de romancista em questão.
            Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance de terceira pessoa cuja personagem foge ao tipo pré-formado e a projeções das amarguras pessoais. Somente o Major Quaresma diferencia-se dos burocratas e militares reformados por possuir entusiasmo ingênuo e um não conformismo. Como afirma Oliveira Lima, Policarpo possui algo de quixotesco que fora devidamente explorado (conformando o lado hilário com o melancólico) pela prosa de Barreto.
            O autor não adentra na discussão sobre o desleixo da linguagem pautada na questão estético-social, entrever, na obra, o dialético e o desencontro – visto como constante social-psíquica que desvela as defasagens lingüísticas tão rigidamente cobradas no Pré-Modernismo.
            Em Numa e Ninfa, caracteriza-se a sátira política, os personagens de tendência caricatural revelador do caráter deturpado de Numa Pompílio de Castro e a caracterização de certos tipos secundários.
As mazelas da vida brasileira reaparece entrelaçada a uma curiosa síntese documental apresentado antes do Modernismo na obra Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Este um espectador interessado e cético do que ocorre na sociedade carioca dos princípios do século revelador de uma consciência polêmica que reflete o próprio autor. Aproxima-se de Monteiro Lobato em função da crítica geral, antipassadista - divergindo quanto ao estilo vez que este prende-se a modelos acadêmicos – e de Machado de Assis ao adotar a linguagem do “mas”, do “talvez”, do ‘embora” tão freqüentes nas obras deste.
O núcleo de Clara dos Anjos, obra contemporânea a Recordações do Escrivão Isaías Caminha e inacabada, gravita em torno da pobreza e do preconceito racial, recheados de recortes sobre a vida suburbana, ironia e piedade.
A obra Cemitério dos Vivos são memórias e reflexões vivenciadas pelo autor que observou in loco a rotina diária de um manicômio. Ela esta dividida em duas partes: o diário onde relata sua estadia no Casarão da Praia Vermelha e o romance propriamente dito, numa profusão de tragédia doméstica com fragmentos memorialistas. O autor compara-o, pela veracidade e força do documento humano e pelo desejo de redenção pela dor descrito, a antologia situacional as Recordações da Casa dos Mortos de Dostoievski. Ao cita também as observações construídas por Coelho Neto, Oscar Wilde, Nietzsche e a poesia de Dannunziana, revela sua propulsão frente à época.
Ao utilizar em Os Brazudangas, o expediente semelhante adotado por Montesquieu em Cartas Persas revela para além do forte teor satírico e ideológico, apresenta o quanto Barreto podia e sabia sobrepor-se as frustrações e construir crítica objetiva ao modo como definia-se a estrutura brasileira da época.
Bosi conclui por definir a obra limabarretiana como carregada de desdobramento do Realismo no contexto novo da Primeira Guerra Mundial e das primeiras crises da República Velha.

REFERÊNCIA
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. Cultrix: São Paulo, pp. 316 – 324.


[1] Educadora Social, Historiadora, Especialista em História e Cultura Afro-brasileira, Consultora em Metodologia Cientifica e Coord. de Turma PSCL. E-mail: noly.oliveira@gmail.com