segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Analisando a Avaliação para Luckesi e Hoffmann

       Analisando a Avaliação para Luckesi e Hoffmann
Noly Oliveira

     Ao analisarmos os textos de Cipriano Carlo Luckesi, Avaliação da Aprendizagem na Escola: reelaborando conceitos e recriando a prática, Avaliação da Aprendizagem e Ética  e Avaliação da Aprendizagem ... mais uma vez! e de Jussara Hoffmann A formação dos professores em Avaliação, respectivamente trazem a tona as conseqüências da prática pedagógica aplicada no momento de efetuar o acompanhamento da aprendizagem do educando e a preocupação quanto a compreensão dos profissionais em formação e em atuação na sala de aula, ambos em perfeita sincronia
                   Luckesi afirma que a instituição de ensino, particular ou pública, do ensino fundamental ao universitário, devem compreender claramente a importância de distinguir exame e seleção de avaliação[1].
       O autor, nos seus textos, expõe as características entre exames escolares feitas através de provas e avaliações da aprendizagem, totalmente oposta uma a outra. A primeira detém poder de aprovação/reprovação, pontualidade nas respostas, classificatórias, seletivas, estatísticas, antidemocrática e fundamentada na prática pedagógica autoritária – a Pedagogia Tradicional; a segunda é diagnóstica processual, dinâmica, inclusiva, democrática e fundamentada na prática pedagógica dialógica.
       Afirma que a vigência, ainda atual, da prática pedagógica tradicional, baseada nos modelos exames católico (Ratio Studiorum) ou protestante (Didactica Magma), em função de sermos herdeiros e vivermos, ainda, um modelo burguês, seletivo e excludente, de sociedade[2] e razões psicológicas dos professores[3]. Neste aspecto, interessante a observação de Hoffmann:

muitos professores revelam a sua impossibilidade de desenvolver processos avaliativos mediadores, porque estão cercados por normas classificatórias exigidas pelas escolas. Mas também se percebe a sua dificuldade em alterar sua prática pela falta de subsídios teóricos e metodológicos que lhe dêem segurança para agir de outra forma.

       Defende Luckesi a aplicação da Pedagogia Construtiva, como elemento fundamental para efetuar de modo eficiente o acompanhamento da aprendizagem escolar a Pedagogia Construtiva, compatível com o momento histórico presente, baseada nos seguintes fatores: compreensão do ser humano como ser em construção, que se desenvolva o princípio formativo e o princípio organizativo, admita que os educadores precisam de formação consistente e adequada para atuar profissionalmente, que a avaliação de aprendizagem  seja elabora em ações traduzidas do cotidiano baseada em conceitos adequados para não cair no vazio  e que os educadores pratiquem o ato de acolhimento e confrontação amorosa – expõe a formação de valores ao interagir com o mundo onde atua, na avaliação diagnóstica onde será delineada uma trajetória baseada na construção da experiência cotidiana vivida pelo educando.
                   A prática de avaliação da aprendizagem no ensino, exige comprometimento do professor (dentre outros efetuar o planejamento de ensino direcionado para a prática pedagógica adotada, prevendo a elaboração de instrumentos e a correção deles quando necessário), é um ato integrado com todas as atividades pedagógicas objetivando subsidiar o desenvolvimento do educando para sua experiência de vida,desvendando impasses e buscando soluções, ou seja:

a avaliação da aprendizagem como recurso pedagógico útil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo e do seu modo de ser na vida; o seu melhor modo de ser na vida. (LUCKESI, 2003, p.31)
                                     
                   Hoffmann (p. 69) destaca que pouco ou nada se desenvolveu quanto aos modelos introduzidos após a Pedagogia Tradicional, pois este casa perfeitamente cm a forte influencia de modelos tecnicista, fator que reduz consubstancialmente os estudos voltados para a avaliação da aprendizagem. Afirma que a consciência da natureza política da avaliação e a compreensão da dimensão que essa política tem assumido na pratica escolar deveriam ser ponto de partida para reconduzir a avaliação às suas reais funções.
                   Luckesi chama atenção para a importância da ética do professor quanto ao compromisso com a verdade nas relações interpessoais desenvolvidas no espaço da instituição escolar e na produção de bons e adequados instrumentos para a coleta de dados para avaliação da aprendizagem dos educando sem subterfúgios,[4] que os exames são necessários e úteis nas situações que exigem classificação e certificação de conhecimentos, mas não como avaliação de aprendizagem.
       Por fim, tanto Luckesi quanto Hoffmann crêem na educação pautada na contextualização da realidade, sendo ela permeada por uma formação profissional constituída de pesquisas e estudos onde a prática exercida seja coerente com a teoria, que as instituições de ensino devem analisar o que esta sendo posto de lado na formação dos seus educandos (o currículo real versus o currículo oculto[5]), as experiências de vida devem ser notadas atentamente, lidar com saberes distintos acolhendo e auxiliando na travessia permanente do conhecimento, investir na qualidade da aprendizagem afim de enfrentar e debandar o mito de reprovação nas escolas brasileiras.  

REFERENCIA

HOFFMANN, Jussara.  A formação dos professores em Avaliação. Pontos e Contrapontos.
LUCKESI, Cipriano Carlo. Avaliação da Aprendizagem na Escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador: Malabares, 2003.
________________________. Avaliação da Aprendizagem na Escola: reelaborando conceitos e recriando a prática.
________________________.  Avaliação da Aprendizagem e Ética e Avaliação da Aprendizagem ... mais uma vez!


[1] Tais termos são comumente tomados como sinônimos de avaliação o que permite o erro de noção e pratica de avaliação de aprendizagem, pois possuem conceitos distintos.
[2] Os exames através das provas reproduzem o modelo de administração do poder na sociedade (centralizador, bonapartista), sua prática hierárquica (quem representa o sistema decide o que, como, quem e quando fazer, qual o conteúdo a ser aplicado, quem aprova/reprova), impondo a díade culpa e castigo, produzindo o antagonismo entre educandos e educadores. Atualmente a ação pedagógica esta comprometida também com o investimento no seu produto e não com o processo de aprendizagem.
[3] Os professores vivenciaram em sua vida escolar o modelo pedagógico tradicional, e mesmo discutindo tal prática no período de formação acadêmica tendem a reproduzir tal modelo na docência.
[4] Tal conduta também influencia no índice de reprovação escolar vês que o aluno sabe o assunto mas não compreende o que lhe é solicitado, logo o instrumento de avaliação é falho e conduz ao erro.
[5] Luckesi afirma em entrevista concedida a Revista Nova Escola, em Abril de 2003, que o currículo deveria distinguir e prever o que é necessário sendo a aplicação cultural posta em pratica quanto dispor de tempo, mas o que ocorre é o uso do livro didático como roteiro de aulas e as ilustrações e curiosidades contidos neles como mero entertenimento.

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