terça-feira, 14 de setembro de 2010

SINTESE


SÍNTESE DE CORTIÇO A CORTIÇO


Noly Oliveira

                   O autor, Antonio Cândido, inicia seu trabalho abordando o dinamismo da obra literária, dado as interpretações, ressignificações e inovações que são elaboradas a partir da leitura de uma dada obra, o que me lembra a frase: “o sujeito não se banha duas vezes no mesmo rio” para poder explicar que quem lê uma obra não permanece com o mesmo pensamento anterior a efetuação da leitura. Objetiva analisar o problema da filiação de textos e de fidelidade aos contextos e O Cortiço é exemplo de obra que sofre influência e que usa empréstimos de outra obra, e perfaz observação sobre o estrangeirismo na formulação das obras literárias brasileiras.
                   Elabora critica aos Naturalistas por conceberem uma obra literária a partir da transposição direta da realidade, o que denomina de verdadeira utopia da originalidade absoluta pela experiência imediata.
                   Afirma que uma obra é reflexo do que acontece no mundo através da percepção do seu autor, que observa a disposição dos seus significados para que assim possa reordenar, desfigurar ou negar esta realidade através dos escritos.        Crer que a diferenciação e a indiferenciação estão presentes tanto na variação do tempo quanto, no espaço e na complexidade do social pois depende do local onde se elabora. A originalidade de Azevedo esta na co-existência do explorador e do explorado, na presença do primitivismo econômico, na consciência da realidade brasileira que retrata (apesar da contaminação ideológica) ao expor a discussão sobre o lugar social do trabalho e o mecanismo da riqueza industrial individual para os sujeitos da época. Ele toma com eixo de composição ficcional pela primeira vez no Brasil o cortiço para dar cor à mistura, refletido no sentimento de nacionalidade e xenofobia, sem, entretanto deixar de lado as marcas do determinismo (geográfico, biológico, histórico) e ter pouco teor ideológico (descreve a visão do intelectual brasileiro no século XIX) onde Meio-Raça-Brasil é substituído pela tríade Natureza tropical do Rio-Raças e tipos humanos misturados-Cortiço.
                   Descreve a presença da dialética espontânea e dirigida no qual é representado o cortiço que representa a acumulação do capital que perpassa antes por mudanças fundamentais para atingir tal estágio.
                   Em verdade o autor entrever que O Cortiço retrata o cortiço como uma representação do Brasil, esboçado de forma pejorativa, revelando no romance a ambivalência da situação.      

REFERÊNCIA

CANDIDO, Antonio. De Cortiço a Cortiço. In: Candido. O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993.

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